segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

DICAS 3 - Conversa de português por Andréa Motta


Segundo a criadora, "o blog Conversa de Português foi criado após a observação de que cada vez mais profissionais usam este tipo de site para divulgar textos referentes às suas áreas de atuação, mas a ideia original  surgiu em um quadro diário, apresentado na webrádio Maspa; algum tempo depois, alunos que não sabiam do programa na rádio sugeriram a criação de um  blog."

É um blog muito completo sobre a língua portuguesa, com tira-dúvidas, sugestões de livros, comentários sobre particularidades da língua, e muito mais.

Andréa Motta é professsora, graduada em Língua Portuguesa e  Literaturas e em Língua Portuguesa e  Língua Italiana, e pós-graduada em Teoria Literária, tudo pela UERJ.

Segundo ela, "Conversa de Português será utilizado como instrumento extra-classe no ensino de Língua Portuguesa, mas isto não restringe o acesso apenas a estudantes. A ideia inicial é transformá-lo em incentivo à produção textual, o que fará dele um espaço de muitos autores, com a publicação de textos escritos por alunos do Ensino Médio. Eventualmente, poderão ser  publicados textos de outros profissionais de Língua Portuguesa e seus alunos."

Como se vê, Andréa é mais uma apaixonada pela língua portuguesa e dedica-se ao seu estudo, ensino e divulgação. Vale a pena conferir!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

NOVA ORTOGRAFIA 2 - O trema


O trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui, deixa de ser usado. Vejamos, então, alguns exemplos de como era e de como passa a ser com a nova ortografia:

agüentar => aguentar
argüir => arguir

ágüe (verbo aguar) => águe
ágüem (verbo aguar) => águem
aqüífero => aquífero
bilíngüe => bilíngue

Birigüi => Birigui
cinqüenta => cinquenta
cinqüentenário - cinquentenário
conseqüência => consequência
delinqüente=> delinquente
eloqüente => eloquente
ensangüentado => ensanguentado
eqüestre => equestre

eqüino => equino
freqüente => frequente
lingüeta => lingueta
lingüiça => linguiça
qüinqüênio => quinquênio
sagüi => sagui
seqüência => sequência
seqüestro => sequestro
tranqüilo => tranquilo
ungüento => unguento

Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano.

É importante notar que a pronúncia não se altera, estando a mudança apenas na grafia, ou seja, na forma como as palavras são escritas, e não faladas.


domingo, 28 de novembro de 2010

HUMOR 5 - Conflito de vocabulário


Haroldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:

- Moça, vocês têm pendrive?

- Temos, sim.

- O que é pendrive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.

- Bom, pendrive é um dispositivo em que o senhor salva tudo o que tem no computador.

- Ah, como um disquete...

- Não. No pendrive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. O disquete, que nem existe mais, só salva texto.

- Ah, certo. Vou querer um.

- De quantos gigas?

- Hein?

- De quantos gigas o senhor quer o seu pendrive?

- É o que minha filha? O que é giga?

- É o tamanho do "pen".

- Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.

- Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de "coisas" que ele pode arquivar.

- Ah, tá. E quantos tamanhos existem?

- Dois, quatro, oito, dezesseis gigas...

- Hmmmm... Meu filho não falou de quantos gigas queria.

- Neste caso, o melhor é levar o maior.

- Sim, eu acho que sim. Quanto custa?

- Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?

- Como é minha filha?!

- É que, para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.

- USB não é a potência do ar condicionado?

- Não, aquilo é BTU.

- CBTU?

- Não! Isso é empresa ferroviária. "B"! BTU!

- Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.

- USB é assim, ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, o PS2, mais tradicional: o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo.

- Hmmmm! Enfiar o pino no buraquinho, né? Estanho!... Isso me lembra outra coisa...

- Hehehe! O seu computador é novo ou velho? Se for novo, é USB - chata -, se for velho é PS2 - redonda.

- Continua me lembrando outra coisa... hehehe... Mas acho que o meu tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. O meu primeiro computador funcionava com aqueles disquetes do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?

- Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pendrive.

- Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.

- Quem sabe o senhor liga pra ele?

- Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo. Tem tanta coisa nele que ainda não aprendi a discar.

- Deixe eu ver. Poxa, um smarthphone! Este é bom mesmo! Tem bluetooth, waffle, brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmera fotográfica, filmadora, radio AM/FM, TV, dá pra mandar e receber e-mail, torpedo direcional, micro-ondas e conexão wireless!

- Micro-ondas? Dá para cozinhar nele?

- Não, senhor. Assim o senhor me faz rir. É que ele funciona no subpadrão, numa sub-onda, por isso é muito mais rápido.

- E Bluetooth? Estou emocionado. Não entendo como os celulares anteriores não possuíam Bluetooth.

- O senhor sabe para que serve?

- É claro que não.

- É para um celular se comunicar com outro, sem fio.

- Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...

 

- Não, já vi que o senhor não entende nada mesmo. Com o Bluetooth, o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.

- Ah... E antes precisava fio?

- Não, tinha que trocar o chip.

- Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...

- Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.

- Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?

- Momentinho... Deixe eu ver... Sim, tem chip.

- E faço o que com o chip?

- Se o senhor quiser trocar de operadora. Portabilidade, o senhor sabe.

- Sei, sim, portabilidade, não é? Claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino, então, que, para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...

- Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo aprende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Agora é só teclar... Um momentinho... E apertar o botão verde... Pronto, está chamando.

Haroldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:

- Oi, filhão, é o papai. Sim. Me diz, filho, o seu pendrive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o seu pendrive. À noite eu levo pra casa.

- Que idade tem seu filho?

- Vai fazer dez em março.

- Que gracinha...

- É isso, moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.

- Certo, senhor. Quer para presente?

...

Mais tarde, no escritório, Haroldo examinou o pendrive. Um minúsculo objeto, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes? Onde iremos parar?

Olha, com receio, para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa. Tudo o que ele quer é um telefone, para fazer e receber chamadas. E tem, nas mãos, um equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista ou tenha a infelicidade de ter mais de quarenta anos saberá compreender.
Em casa, ele entrega o pendrive ao filho e pede para ver como funciona.


O garoto insere o aparelho e, na tela, abre-se uma "janela". Em seguida, com o mouse, abre uma "página" da internet, em inglês. Seleciona umas palavras e um 'heavy metal' infernal invade o quarto e os ouvidos de Haroldo.

Um outro clique e, quando a música termina, o garoto diz:

- Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pendrive para qualquer lugar e, onde tiver uma entrada USB, eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.

- Seu celular tem entrada USB?

- É lógico. O seu também tem.

- É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pendrive e ouvir pelo celular?

- Se o senhor não quiser "baixar" direto da internet...

Naquela noite, antes de dormir, deu um beijo na esposa e disse:

- Clarinha, sabia que eu tenho Bluetooth?

- Como é que é?

- Bluetooth. Não vai me dizer que não sabe o que é?

- Não enche, Haroldo, e me deixe dormir.

- Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca discos tocava discos e a gente só tinha que apertar "um" botão para as coisas funcionarem?

- Claro que lembro, Haroldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetooth você tem.

- E conexão USB também.

- Que ótimo, Haroldo, meus parabéns.

- Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe, por aí, que nunca vou usar.

- Ué? Por quê?

- Porque eu tinha recém aprendido a usar computador e celular e tudo o que sei já está superado.

- Por falar nisso, temos que trocar nossa televisão.

- Ué? A nossa estragou?

- Não. Mas a nossa não é LCD, não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.

- Tudo isso?

- Tudo. Boa noite, Haroldo, vai dormir, tá?

domingo, 21 de novembro de 2010

CURIOSIDADES 2 - Cadê e você


Algumas expressões são tão corriqueiras em nosso dia a dia que nem nos damos conta de como se formaram, podendo até causar alguma confusão. É o caso de cadê e você.

Cadê origina-se da expressão "que é feito de tal coisa?", que significa "onde está tal coisa?" ou "o que aconteceu com tal coisa?". A expressão "que é feito de?" foi encurtada para "que é de?", que, facilmente, foi mais encurtada e se transformou em cadê.

você nasce da expressão "vossa mercê" usada no antigo império no tratamento que os escravos davam a seus senhores. No dia a dia, foi logo se transformando em "vosmecê" que, claro, foi logo encurtada para você, transformando-se em pronome.

Essa é a razão para que você, - o pronome e não o leitor -, embora se refira à 2a. pessoa, conjugue os verbos na 3a. pessoa do singular, como ele e ela, e não na 2a. como tu, já que "vossa mercê" pede necessariamente a conjugação do verbo na 3a. pessoa.


Assim, embora você tenha equivalência de 2a. pessoa do singular, sempre virá com o verbo conjugado na 3a. pessoa do singular, o que se repete também no plural.

É por essa razão também que, em Portugal, o tratamento por você é considerado mais cerimonioso do que por tu, fazendo com que familiares e pessoas mais próximas ou íntimas sejam tratadas por tu e autoridades e pessoas desconhecidas ou mais velhas sejam tratadas por você, denotando mais respeito, já que significa "vossa mercê".

Com o advento da internet e da comunicação eletrônica, essas duas palavras já sofreram mais um encurtamento, transformando-se em kd e vc. Sinais dos tempos!

Interessante, não é mesmo? Língua também é história e cultura!

ETIMOLOGIA 2 - Preconceitos


Em meio a tantas manifestações abertas de preconceitos exacerbados nas últimas semanas, é interessante que façamos a pergunta: eu tenho preconceitos? Questionamento importante em tempos em que a globalização nos coloca tão em contato com o diverso, o diferente, o "estrangeiro".

Mas não devemos ter pressa em responder, pois, ao conhecer o verdadeiro significado de alguns nomes que damos aos preconceitos e algumas palavras ligadas a eles, podemos nos surpreender e encontrar preconceitos que nem sabemos que temos ou descobrir que o que temos não é bem preconceito.

Androcentrismo (desconsideração pelas experiências femininas perante o ponto de vista masculino, tendência a tomar como referencial válido apenas as experiências masculinas)
Do grego andrós = homem como macho, em oposição a mulher + kéntron = o que serve para picar, estimulante, excitante, aguilhão, ponta de lança, ponto central de um círculo.

Androfobia (medo ou horror ao sexo masculino)
Do grego andrós = homem como macho, em oposição a mulher + phóbos = ação de horrorizar, amedrontar, dar medo.

Aristocracia (organização sociopolítica baseada em privilégios de uma classe social formada por nobres que detêm, geralmente por herança, o monopólio do poder)
Do grego áristos = excelente, o melhor + krátos = força, poder, autoridade.

Esquisito
Do latim exquisìtus = procurado diligentemente, escolhido, extremado, distinto. Particípio passado do latim exquíro = procurar com diligência, perguntar, informar-se, inquirir, indagar, investigar, que, por sua vez, deriva do verbo latino quaero = buscar, procurar; esforçar-se; procurar obter, procurar saber; pedir, requerer.

Estrangeiro
Do francês étranger, que deriva do latim extranèus = o que é de fora, que não pertence à família, ao país. De extra = fora. 

Estranho
Do latim extranèus = que é de fora, da parte de fora, externo, não é da família.

Falocracia (dominação social, cultural simbólica exercida pelos homens sobre as mulheres)
Do grego phallós = pênis + krátos = força, poder, autoridade.

Feminisno (doutrina que preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade)
Do latim femìna = fêmea + o grego -ismós = elemento formador de nome de ação de verbos.

Ginecocracia (governo de mulheres)
Da forma culta gineco do grego gunê, gunaikós = mulher + krátos = força, poder, autoridade.

Homofobia (rejeição ou aversão a homossexuais ou à homossexualidade)
Do grego homós = semelhante, igual + phóbos = ação de horrorizar, amedrontar, dar medo.

Homossexual (que ou aquele que sente atração sexual e/ou mantém relação amorosa e/ou sexual com indivíduo do mesmo sexo)
Do grego homós = semelhante, igual  + o latim sexus = sexo; antigo, usual; derivado latino de sexuális = do sexo feminino, de mulher.



Lésbica (mulher que tem preferência sexual por ou mantém relação afetiva e/ou sexual com pessoa do mesmo sexo)
De Lesbos = ilha grega localizada no nordeste do mar Egeu, onde nasceu e viveu a poetisa Safo, cujos  poemas, sobre amor e beleza, eram, em sua maioria, dirigidos às mulheres, donde se deriva que o relacionamento sexual entre mulheres passou a ser conhecido como lesbianismo ou safismo + o grego ica = elemento de designação para ciências, artes ou doutrinas.

Machismo (comportamento que tende a negar à mulher a extensão de prerrogativas ou direitos do homem, tendência a considerar a mulher como inferior)
Do latim masclus ou mascùlus = ser do sexo masculino, que deriva do latim mas = o que tem o sexo masculino, macho + o grego -ismós = elemento formador de nome de ação de verbos.

Matriarcado (regime social em que a autoridade é exercida pelas mulheres)
Da raiz indo-européia matr- = mãe, a qual deriva do grego mêtra = matriz, útero + arkhê = poder, autoridade, início, começo.

Misandria (ódio ou aversão aos homens)
Do verbo grego miséó = odiar, detestar e de mísos = ódio, aversão + andrós = homem como macho, em oposição a mulher.

Misoginia (ódio ou aversão às mulheres)
Do verbo grego miséó = odiar, detestar e de mísos = ódio, aversão + forma não culta gino do grego gunê,gunaikós = mulher.

Patriarcado (forma de organização social em que predomina a autoridade paterna)
Do latim patriarcha ou patriarches = patriarca, pai de uma raça; dignidade eclesiástica; que vem do grego patriárkhes = chefe de uma família; gerando a forma pater = pai (com um valor mais social e religioso do que de simples paternidade física) + o grego arkhê = poder, autoridade, início, começo.

Preconceito
Do latim pre = anterioridade, antecipação, adiantamento, diante, superioridade comparativa + concéptus = ação de conter, ato de receber, germinação, fruto, feto, pensamento. Concéptus, por sua vez, deriva do verbo latino capìo, que dá origem a concipìo = tomar juntamente, juntar, reunir; receber, perceber pelos sentidos, conceber, compreender, entender; imaginar; exprimir por uma fórmula, compor.

Racismo (atitude de hostilidade em relação a determinada categoria de pessoas)
Do italiano razza = conjunto de indivíduos de uma espécie animal ou vegetal com características constantes e transmitidas aos descendentes; o qual deriva do latim generatìo = geração ou do latim ratìo = natureza; motivo, causa + o grego -ismós = elemento formador de nome de ação de verbos.

Sexismo (atitude de discriminação fundamentada no sexo)
Do latim sexus = sexo; antigo, usual; derivado de sexuális = do sexo feminino, de mulher + o grego -ismós = elemento formador de nome de ação de verbos

Travesti (artista ou homossexual que se veste com roupas do sexo oposto)
Do francês travesti = disfarçado, que deriva do latim trans =  além de, para lá de; depois de + vestis = vestimenta (sentido geral), modo de vestir, cobrir com vestido.

Xenofobia (desconfiança ou medo de pessoas estranhas, hóspedes ou estrangeiros)
Do grego kséno = estrangeiro, estranho, insólito ou ksénos = estrangeiro, hóspede + phóbos = ação de horrorizar, amedrontar, dar medo.

domingo, 7 de novembro de 2010

HUMOR 4 - A língua portuguesa é difícil... até para fazer amor!


O marido, ao chegar em casa, no final da noite, diz à mulher que já estava deitada:

- Querida, eu quero muito amá-la.

A mulher, que já estava dormindo, com a voz embolada, responde:

- A mala... Ah não sei onde está, não! Use a mochila que está no maleiro do quarto de visitas.

- Não é isso querida, é que hoje vou amar-te.

- Por mim, você pode até ir a Júpiter, Saturno ou ao diabo que o carregue, desde que me deixe dormir em paz...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

NOVA ORTOGRAFIA 1 - O alfabeto

 

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo n.º 54, de 18 de abril de 1995, e está vigente desde 1 de janeiro de 2009.

Esse acordo é meramente ortográfico, restringindo-se apenas à língua escrita e não afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países onde a língua portuguesa é oficial, mas dá um passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países. 


Mudanças no alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras, tendo sido reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa, então, a ser:

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V WX Y Z

As letras k, w e y, que, na verdade, não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo:

a) na escrita de símbolos de unidades de medida como km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);

b) na escrita de palavras estrangeiras (e seus derivados), tais como show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.

HUMOR 3 - A língua do pê

 

A língua permite algumas brincadeiras, aliás, na sua função poética está também o lúdico. Brincar com as palavras é também compor um poema. Leia abaixo:

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém pediu para parar porque preferiu pintar panfletos.
 
Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém, posteriormente, pintou pratos para poder pagar promessas.
 
Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.
 
Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedir pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas.
 
Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.
 
Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal.
 
- Povo previdente! - pensava Pedro Paulo. - Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! - proferiu Pedro Paulo.
 
- Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.

Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas.

Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu:

- Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias?

- Papai, - proferiu Pedro Paulo - pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.

Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro!

Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus.

Partiram pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.

Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente, Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos.

Particularmente, Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...

Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto, pararei.

E você ainda se acha o máximo quando consegue dizer: "O Rato Roeu a Rica Roupa do Rei de Roma"?



terça-feira, 2 de novembro de 2010

ATUALIDADES 3 - Revista Época - Vamos combinar - Presidente ou presidenta?


Por Paulo Moreira Leite

O país ainda discute se Dilma Rousseff deve ser chamada de presidente ou de presidenta. Na teoria, as duas possiblidades são aceitas.

Sou a favor de presidente. Explico: a palavra se refere a um cargo, a uma instituição — e não a uma pessoa.

Não vejo porque fazer uma distinção de gênero.

O PT falava em presidenta durante a campanha eleitoral. Era uma forma de ressaltar que Dilma poderia tornar-se a primeira mulher presidente.

De minha parte, nunca achei que esse fato fosse relevante. Sempre achei que era um desses factóides do marketing. O detalhe é que faço parte daquele genero humano que ocupa a presidência da República desde que Deodoro mandou a família imperial para a Europa. Para as mulheres isso faz diferença.

Sei que a lingua portuguesa fala em deputada, senadora, governadora…No caso de presidente, admite-se as duas possibilidades.

Até para ressaltar o tamanho dessa conquista, me parece importante sublinhar que Dilma é presidente, como seus antecessores — e não inaugura uma posição que não existia antes dela.



*******
Comentando...

Pena que o jornalista desta conceituada revista peque com tantos erros de acentuação, pontuação e concordância verbal, destacados por mim em vermelho - o correto seria gênero, língua, ... No, e admitem-se.

De minha parte, considero isso inaceitável vindo de um jornalista, ainda mais quando ele pretende falar de língua portuguesa. Será que eu deveria fazer este post na série Lusocídio?

Valem, no entanto, como reflexão, seus comentários em torno do tratamento a ser dispensado à candidata eleita Dilma Rousseff a partir de agora.

ATUALIDADES 2 - Revista Época - Presidente ou presidenta?


Por Araci Reis de França

A eleição inédita no Brasil de uma mulher para a Presidência da República lançou uma questão linguística: Dilma Rousseff é “a presidente” ou “a presidenta” do país?

O tema – qual das duas formas está correta? – passou a ganhar espaço na mídia à medida que o bom desempenho da candidata ia sendo apontado pelas pesquisas de intenção de voto. Jornais, colunas e blogs dedicaram-se a investigar, além do passado da candidata e de seus atributos como postulante ao cargo mais importante da nação, uma suposta tendência de Dilma de usar a palavra “presidenta”, especialmente em seus comícios.

Com a concretização da vitória, o que era uma dúvida menor torna-se uma questão cotidiana. As referências a Dilma terão de ser precedidas do título que ela conquistou, inclusive em ÉPOCA. Afinal, como Dilma Rousseff deverá ser tratada em seu novo posto? E aqui na revista?

Em princípio, como ela quiser. Não há norma na língua que defina uma das formas como errada, nem mesmo menos correta. O professor de língua portuguesa e apresentador de TV Pasquale Cipro Neto diz que a terminação “nte” vem do latim e é comum nas línguas neolatinas, como o português, o espanhol e o italiano. Ela indica o executor de uma ação, normalmente tornando a palavra invariável quanto ao gênero. Por isso, dizemos “o gerente” para homens e “a gerente” quando uma mulher ocupa a função. É o que em português chamamos de substantivo de dois gêneros.

“No caso de ‘presidenta’, talvez pelas conquistas das mulheres em vários territórios, surgiu esse uso, que os dicionários acolheram”, diz Pasquale. “Os três maiores dicionários da língua portuguesa, o Houaiss, o Aurélio e o Aulete, já registram ‘presidenta’ como equivalente de ‘a presidente’, ‘mulher que preside’. As duas formas estão corretas.”

ÉPOCA apurou que Dilma tem simpatia pela palavra presidenta, apesar de uma sondagem feita pelo PT entre agosto e setembro ter constatado que o termo causou estranheza à maioria dos consultados. É a equipe do cerimonial da Presidência, ainda a ser definida, que determinará a forma de tratamento a constar em documentos e atos oficiais. A definição, portanto, só deverá vir em janeiro, data da posse de Dilma, e, a partir de então, respeitaremos sua decisão nas páginas de ÉPOCA (nesta edição, optamos por usar presidenta apenas nas chamadas principais). Mas, quando o assunto é língua, nem sempre as determinações oficiais são seguidas.

A língua é construída diariamente, pelo uso que dela fazem aqueles que a falam e escrevem. Se até hoje a forma “a presidente” esteve disseminada na imprensa e na literatura brasileiras e espelhou uma realidade quase sem mulheres, um cenário protagonizado por uma delas pode inaugurar uma tendência, a das presidentas. Como já houve a oportunidade das doutoras, das ministras... “Vai ser o uso que de fato vai definir o termo. Como acontece na Argentina, em que Cristina Kirchner faz questão de ser ‘la presidenta’, não vai haver saída que não seguir a vontade da própria eleita”, diz Pasquale Cipro Neto.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

HUMOR 2 - Prazeres da gramática



Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.

Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, esse, era bem definido, feminino, singular. Era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, ilábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo até gostou daquela situação: os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.

Ótimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que, em vez de descer, sobe e pára exatamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal e entrou com ela no seu aposento. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante.

Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo. Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente.

Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula. Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz ativa.

Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais. Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objeto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular. Ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisto a porta abriu-se repentinamente.

Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjetivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou sua vontade de se tornar particípio na história.

Os dois olharam-se e viram que isso era preferível a uma metáfora por todo o edifício.

Que loucura, meu Deus. Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objetos.

Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.

Só que, as condições eram estas. Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

Segundo consta no site de onde o retirei, este fantástico texto, escrito por uma aluna de Letras, venceu um concurso interno, na cadeira de Gramática Portuguesa, de uma universidade brasileira. Infelizmente, não foi possível confirmar essa informação, nem identificar a autoria. Vale, no entanto, pela graça e originalidade.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DICAS 2 - Manual de redação da PUCRS


Manual de redação muito completo criado e administrado pela gerência de web, setor responsável pela criação e manutenção de programação visual e eletrônica do site da PUCRS.

Criado para atender o público da Universidade, presta-se também a consultas muito completas e precisas sobre o uso da língua portuguesa na produção de material escrito, incluindo já o Acordo Ortográfico de 1990 (vigente desde janeiro de 2009) e também textos complementares e instruções para a confecção de resumos.

Vale a pena gravar nos favoritos: Manual de Redação da PUCRS.

ETIMOLOGIA 1 - Eleições



Étimo = do grego étumos, que significa 'o verdadeiro significado da palavra segundo sua origem'; logia = do grego logía, que significa ciência, arte ou tratado. Etimologia, portanto, é a ciência que estuda ou trata do verdadeiro significado das palavras segundo sua origem.

É interessante observar como algumas palavras, por força do uso ou da associação, acabam se corrompendo ao longo tempo, assumindo conotações completamente diferentes de seu significado original. Daí a necessidade de sempre buscarmos a etimologia das mesmas e entendermos melhor o que realmente significam.

Com as eleições ainda em andamento em nosso país, que tal conhecermos melhor o real significado de algumas das palavras ligadas a elas?

Brasil
Brasa + -il. Do português brasil = árvore Caesalpinia echinata, dita também pau-brasil. O nome da árvore, por sua cor, provavelmente deriva de brasa = carvão ardente, que, por sua vez deriva do antigo francês breze = brasa. Brasil também significa 'relativo a brasa'.

Campanha
Do latim tardio campanìa = os campos, a planície. Derivado do baixo-latim campanèus e campósus = terreno de exercício ou de batalha. O sentido militar só aparece em francês no século XVII.

Candidato
Do latim candidátus = aquele que veste a toga branca para exercer um cargo público; em Roma, os candidatos a cargos eletivos vestiam toga branca. Derivado do latim candèo = alvo, branco como a neve; estar inflamado, queimar; e do latim candìdus = branco, alvo; radiante, resplandecente; puro; venturoso.

Democracia
Do grego démokratía, de dêmos = povo + kratía = força, poder (do verbo grego kratéó = ser forte, poderoso).

Deputado
Particípio de deputar. Derivado do latim depùto = cortar, podar, avaliar, ter em conta de, julgar. Derivado do latim putus = puro, cuidado, sem mistura.

Eleição
Do latim electìónis = escolha, eleição; permitir a escolha. Derivado do latim elìgo = arrancar colhendo, levar, tirar, escolher, separar.

Governo, governar
Do latim gubérno = conduzir (nave), dirigir; figurado = gerir, administrar, governar. Adaptado do verbo grego kubernáó = dirigir o leme, administrar, governar.

Mandato
Do latim mandátum = encargo, cargo, comissão. Derivado do verbo latino mando = confiar, recomendar a, dar, entregar; encarregar, dar cargo.

Partido
Do latim partítus = que partilhou, que tomou o seu quinhão. Particípio passado do verbo latino partire = partir, dividir, distribuir, que, por sua vez, deriva do latim per = dar, fornecer.

Político
Do grego politikós = relativo a cidadão, que se compõe de cidadãos; relativo ao Estado, público; hábil na administração de negócios públicos; popular; capaz de viver em sociedade. Derivado do grego pólis = cidade + teîkhos = muro, muralha.

Presidente
Do latim praesìdens, particípio presente de praesidére = estar assentado adiante, ter o primeiro lugar; estar à testa de, dirigir, administrar.

República
Do latim respublica = coisa pública, o Estado, a administração do Estado. Derivado do latim rex, régis = rei, soberano + publìcus = relativo ao povo ou ao Estado, público. Rex e régis, por sua vez, derivam do verbo latino règo = dirigir em linha reta (sentido físico e moral).

Senado
Do latim senátus = conselho dos antigos, assembleia dos anciãos, senado (romano), reunião do senado, lugares reservados aos senadores nos teatros. Derivado do latim senìor = velho, ancião.

Voto
Do latim votum = voto, promessa (feita aos deuses), objeto de desejos, coisa desejada, desejo, desejo manifestado pelos esposos no ato do casamento; núpcias, casamento. Derivado do verbo latino vovèo = fazer voto, obrigar-se, prometer em voto; oferecer, dedicar, consagrar.

E então? Muitas surpresas?


Bibliografia: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa - UOL

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

HUMOR 1 - Diferença entre tu e você



O diretor geral de um grande banco estava muito preocupado com um jovem e brilhante diretor, que, depois de ter trabalhado durante algum tempo com ele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio dia. Então, o diretor geral, chamou um detetive e disse-lhe:

- Siga o diretor Lopes durante uma semana, durante o horário de almoço.

O detetive, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou:

- O Diretor Lopes sai normalmente ao meio dia, pega o seu carro, vai à sua casa almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.

Responde o diretor geral:

- Ah, bom, antes assim. Não há nada de mau nisso.

Logo em seguida o detetive pergunta:

- Desculpe-me, mas posso tratá-lo por tu?

- Sim, claro - respondeu o diretor geral surpreendido.

- Bom, então vou repetir: O diretor Lopes sai normalmente ao meio dia, pega o teu carro, vai à tua casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.

A língua portuguesa é mesmo fascinante!
Detetive letrado é outra coisa!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ATUALIDADES 1 - Presidente ou Presidenta?


Estamos a dez dias do segundo turno das eleições para a Presidência da República, com grandes chances de elegermos a primeira mulher a ocupar o cargo em nosso país. Será bom, portanto, sabermos como nos dirigirmos a ela, caso seja eleita: presidente ou presidenta?

Vejamos o que dizem dois dos maiores dicionários de nossa língua.

No Dicionário Aurélio: Presidenta – S.f.  1. Mulher que preside. 2. Mulher de um presidente.

No Dicionário Houaiss: Presidenta - Acepções ¦ substantivo feminino
          1    mulher que se elege para a presidência de um país
          Ex.: a p. da Nicarágua

          2    mulher que exerce o cargo de presidente de uma instituição
          Ex.: a p. da Academia de Letras

          3    mulher que preside (algo)
          Ex.: a p. da sessão do congresso

          4    Estatística: pouco usado.
          esposa do presidente

Vejamos agora o que diz Lu Lacerda em seu blog, na postagem O título certo é presidente ou presidenta? Evanildo Bechara responde:

Evanildo Bechara, maior gramático do País, imortal da ABL, responsável pelo setor de lexicologia e lexicografia da Academia Brasileira de Letras, nunca havia sido tão assediado na vida, quanto nos últimos dias, quando todos da imprensa tinham urgência em saber se o título certo para uma mulher seria presidente ou presidenta, seguros que estavam da eleição de Dilma Rousseff no primeiro turno. O acadêmico, que é quem estabelece as normas da utilização oficial da Língua Portuguesa, esclarece que ambos estão certos e acrescenta que, do ponto de vista linguístico, pode-se usar, mas não há necessidade de empregar o “presidenta”. Informa ainda que a língua não expressa somente razões lógicas – expressa tambem razões éticas e sociais. Quando se fala presidenta, não se está apenas usando uma possibilidade do nosso idioma; está-se expressando consideração e carinho especial à mulher. Como Dilma não foi eleita, as ligações cessaram, pelo menos por enquanto.

Portanto, as duas formas, presidente e presidenta, estão corretas ao nos dirigirmos a uma mulher que ocupa a Presidência da República de qualquer país, muito embora a forma feminina possa nos soar estranha e desagradável.



Outra situação em que se têm variações especiais para uma mulher ocupando o cargo:

Embaixadora = pessoa que chefia uma embaixada, representando seu país num outro país; pessoa encarregada de missão diplomática; pessoa que representa oficialmente uma determinada área das artes ou da cultura.

Embaixatriz = esposa de embaixador; pessoa representativa de determinado campo artístico, sem qualquer cargo oficial.

Quem se lembra de mais algum exemplo em que o feminino varie conforme a situação?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

LUSOCÍDIO 1 - Pedagogia?


Luso = do latim Lusus, que significa lusitano, português; -cídio = do latim -Cidium, que significa matar. Acho que já deu para perceber do que vamos falar nessa série que chamo de Lusocídio, não é?

É muito triste ver o que acontece com a nossa língua por este Brasil afora, e mais triste ainda quando isso vem de pessoas graduadas ou cursando graduação, as quais, por seu nível de escolaridade, deveriam, ao menos, saber usar o básico do nosso idioma pátrio. É preocupante o que vemos por aí em textos acadêmicos, jornalísticos, técnicos etc.

A título de ilustração, procurarei trazer aqui, vez por outra, mensagens, textos e frases com erros de gramática, ortografia ou redação, para que, a partir de exemplos, possamos também aprender o bom português, ou, pelo menos, aprender o que não é bom português.

Vejam abaixo o e-mail que recebi recentemente, transcrito exatamente como chegou à minha caixa postal:

oi meu nome é edegardo* sou academico de pedagogia do terceiro semestre da voemar-jilo,MT.*
gostaria e saber porque as pessoas são tao obisecadas pela tv, e porque as crianças se refletem nos desenhos mais violentos, tipo power rengers. se possivel me responda meu pré-projeto é sobre isso:
qual a influencia dos desenhos animados na educação de uma criança
  
*os nomes foram trocados para preservar a identidade do remetente

Notem que a mensagem é de um graduando de Pedagogia e praticamente não tem qualquer pontuação, separação de parágrafos ou uso de letras maiúsculas no início das frases - se bem que não dá para saber bem onde está o início das frases.

Os nomes próprios dele mesmo, do curso, da instituição de ensino e do seriado de tv também ficaram sem maiúsculas iniciais. A acentuação também quase não existe, há grafia errada de algumas palavras e uso incorreto de outras.

A preocupação dele - muito justa - é o efeito que os desenhos animados têm na educação de uma criança... E eu, por minha vez, não posso deixar de me perguntar, e lamentar, o efeito que terá um futuro pedagogo que escreve dessa maneira na educação das crianças que passarem por suas mãos.

Vamos, então, ao texto corrigido.

Oi. Meu nome é Edegardo. Sou acadêmico de Pedagogia do terceiro semestre da Voemar-Jiló, MT.

Gostaria de saber por que as pessoas são tão obcecadas pela tv e por que as crianças se identificam com os desenhos mais violentos, tipo Power Rangers.

Se possível, me responda. Meu pré-projeto é sobre isso: qual a influência dos desenhos animados na educação de uma criança?

A língua portuguesa não é um idioma dos mais fáceis e seu aprendizado requer interesse, dedicação, estudo, esforço e prática. Mas todos podem aprender, basta querer!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

DICAS 1 - Programa "Nossa Língua Portuguesa" com o Prof. Pasquale Cipro Neto


No ar desde agosto de 1994, o programa Nossa Língua Portuguesa trata, sem preciosismos, das dificuldades lingüísticas que enfrentamos ao falar o nosso idioma.

O prof. Pasquale Cipro Neto examina filmes publicitários, letras de músicas, poemas, HQ, depoimentos de personalidades e populares, artigos da imprensa, programas de TV e o que mais seja de nossa expressão lingüística.

Consulte a íntegra dos módulos, organizados segundo critérios da gramática, no seguinte link: 
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/

***


Pasquale Cipro Neto é professor de português desde 1975. É consultor de língua portuguesa do Departamento de Jornalismo da Rede Globo, em São Paulo, desde 1996.

É colunista dos jornais Folha de S.Paulo e Diário do Grande ABC, entre outros. É autor do anexo gramatical do Manual de Redação da Folha de S.Paulo. Trabalha há dezoito anos na Folha, onde atua no Programa de Qualidade e na Editoria de Treinamento.

Além de ministrar palestras por todo o país, Pasquale é o idealizador e apresentador do programa Nossa Língua Portuguesa, transmitido pela Rádio Cultura AM e pela TV Cultura, e do programa Letra e Música, da Rádio Cultura AM.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CURIOSIDADES 1 - De onde venho e onde vivo?


A língua portuguesa é uma língua românica, que se originou no que é hoje a Galícia e o norte de Portugal, derivada do latim vulgar que foi introduzido no oeste da península Ibérica há cerca de dois mil anos. Tem um substrato Céltico (tribo celta do sul de Portugal)/Lusitano, resultante da língua nativa dos povos pré-romanos que habitavam a parte ocidental da península Ibérica (Galaicos, Lusitanos, Célticos e Cónios).

O idioma se espalhou pelo mundo nos séculos XV e XVI quando Portugal estabeleceu um império colonial e comercial (1415-1999) que se estendeu do Brasil a Goa, na Ásia (Índia, Macau na China e Timor-Leste). Foi utilizada como língua comercial exclusiva na ilha do Sri Lanka por quase 350 anos. Durante esse tempo, muitas línguas naturais baseadas no português também apareceram em todo o mundo, especialmente na África, na Ásia e no Caribe.

Com mais de 240 milhões de falantes, é a quinta língua mais falada no mundo, a mais falada no hemisfério sul, a terceira mais falada no mundo ocidental e é uma das línguas alfabeto latino. Além de Brasil e Portugal é oficial em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, desde 13 de julho de 2007, na Guiné Equatorial, sendo também falado nos antigos territórios da Índia Portuguesa (Goa, Damão, Ilha de Angediva, Simbor, Gogolá, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli) e em pequenas comunidades que faziam parte do Império Português na Ásia como Malaca, na Malásia e na África Oriental, como Zanzibar, na Tanzânia. Possui estatuto oficial na União Europeia, no Mercosul, na União Africana, na Organização dos Estados Americanos, na União Latina, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e na Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP).

Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas e dialetos, até chegar ao estágio conhecido atualmente. Deve-se considerar, porém, que o português de hoje compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (o português brasileiro e o português europeu).

Segundo um levantamento feito pela Academia Brasileira de Letras, a língua portuguesa tem, atualmente, cerca de 356 mil unidades lexicais. Essas unidades estão dicionarizadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

O português é conhecido como "A língua de Camões" (em homenagem a Luís Vaz de Camões, escritor português, autor de Os Lusíadas) e "A última flor do Lácio" (expressão usada no soneto Língua Portuguesa, do escritor brasileiro Olavo Bilac). Miguel de Cervantes, o célebre autor espanhol, considerava o idioma "doce e agradável".

Nos séculos XV e XVI, à medida que Portugal criava o primeiro império colonial e comercial europeu, a língua portuguesa se espalhou pelo mundo, estendendo-se desde as costas africanas até Macau, na China, ao Japão e ao Brasil. Como resultado dessa expansão, o português é agora língua oficial de oito países independentes além de Portugal, e é largamente falado ou estudado como segunda língua noutros. Há, ainda, cerca de 20 línguas naturais de base portuguesa. É uma importante língua minoritária em Andorra, Luxemburgo, Paraguai, Namíbia, Ilhas Maurício, Suíça e África do Sul. Além disso, encontram-se em várias cidades no mundo numerosas comunidades de emigrantes onde se fala o português, como em Paris, na França; Hamilton, nas Ilhas Bermudas; Toronto, Hamilton, Montreal e Gatineau no Canadá; Boston, Nova Jérsei e Miami nos EUA; e Nagoya e Hamamatsu no Japão.